Cantinho da memória 1: Família do Moge
Domicilia Regina Torres
Falar de Hermógenes é falar de muitas
pessoas ao mesmo tempo – era o bom dentista, que tinha sempre seu consultório
cheio de clientes; era o bom amigo; o compadre; o fazendeiro; o criador de
vacas, cavalos, porcos, galinhas e outros bichos... O criador de passarinhos;
ele amava ouvir o canto de seus canarinhos bem amarelos, que ele mesmo pegava
não me lembro onde, nem como!
Era um intelectual, de cultura e
sensibilidade expressiva, com os discursos na ponta da língua para todos os
eventos e ocasiões, que escrevia poemas, que discutia qualquer assunto com
profundidade e bom humor, fossem seus interlocutores dos mais letrados aos mais
simples... e, não esquecendo sua particularidade – usava seu bom humor e não deixava de lado seus
palavrões – que usava indiscriminadamente, fossem padres, bispos, doutores...
Hermógenes, que tinha o dom da palavra, em sua pose tipica para discursar. |
Era o bom pai, que sempre tinha uma
palavra de apoio e carinho para nós, filhos!
Homenagem de Lucy aos 100 anos de Domicília. |
Era o grande amigo dos seus
contemporâneos João Severo, Aristides Teles, Sidbad, Antonio Sifuentes, Geraldo
Alzamora, Dr. Dilermando... e muitos outros que não me lembro no momento.
Ao mesmo tempo, de alguns mais jovens
do que ele, Galeno Andrade, Gui, e também outros da turma do “truco”, da
pinguinha, do tira-gosto e dos altos gritos de vale-seis, vale-nove, vale cem!
Mais uma queda neles... e mais duas quedas, três quedas, vinte quedas... noite
adentro, mais uma pinguinha, novos gritos de vitória, novas emoções!
Era também o afetivo e próximo irmão
de todos e todas; lembro-me particularmente do Tio Fão e do Tio Totônio, que
todos os finais de semana estavam na Lagoa dos Monjolos batendo longas horas de
papo.
Não me esqueço que tio Fão chegava
sempre a pé, não importando se era sol, chuva, barro ou poeira... e Tio
Totonio, no seu carro preto, pomposo e empoeirado pela estradinha da Lagoa...
Hermógenes na lagoa dos monjolos. |
Não posso me esquecer dos jovens sobrinhos
que sempre estavam rondando o tio Moge... lembro-me bastante do Benício,
Rogério...
Bem, para os filhos, sempre se
esforçou para dar o melhor de si, em termos materiais, emocionais e
espirituais. Todos os meus irmãos foram estudar fora de Bambuí, em uma época
que tudo era mais difícil. Tiveram a formação educacional do Colégio
Arquidiocesano de Ouro Preto, provavelmente com o apoio do Tio Salatiel.
Formação que com certeza lhes deram base para seguirem suas vidas da melhor
forma que aprenderam. Eu, sendo a mais nova e única mulher entre os filhos,
tenho certeza que fui muito amada por ele.
Bem, continuando a falar da prole, o
primeiro foi o Henner, que infelizmente já nos deixou nessa terra, mas que foi,
com certeza, um exemplo de ser humano – bondoso, amigo, sensível com o outro,
bastante generoso, um grande ser humano, um grande homem. Casou-se com a Sônia,
que continua linda, elegante, esperta e jovial, muito querida por nós todos.
Tem quatro filhos, Hilton, Henardo, Hélcio e Cinthya. Todos casados, já com
seus filhos adultos, bem centrados, bem de vida e de bem com a vida...
O Kléber casou-se muito cedo,
rapidamente teve cinco filhos com a Lúcia: Rosânea, Hermógenes, Helenice, Guilherme
e Simone; esposa e guerreira, que praticamente criou os filhos quase sozinha. O
velho Hermógenes nunca aprovou essa conduta, tendo sido duro com ele em várias
ocasiões. Casou se pela segunda vez com a Irene, teve uma filha - Isabela, mas esse
casamento também não deu certo. Guiado e guiando com algumas “cachaças na
cabeça”, certa feita provocou um acidente consigo mesmo com um botijão de gás,
sofreu queimaduras, mas graças ao bom Deus ficou totalmente recuperado. Essa
situação foi uma verdadeira alerta para ele – dessa época em diante,
praticamente parou de beber, retornou ao trabalho juntamente com o Anterinho e
Ennio e devagar prosperou novamente. Por
incrível que possa ser o destino, foi ele que pode cuidar de perto da mamãe,
nos seus últimos seis anos de vida. Agora, com 81 anos bem vividos, está tranqüilo,
apreciando o que a vida lhe reservou – a proximidade dos irmãos e dos
familiares que lhe têm no coração e que estão sempre por perto dele.
O Anterinho, dentre nós todos, foi o
que esteve mais presente nos eventos da família, nas horas boas e más. Casado com a Eni há mais de 50 anos, nossa
cunhada também muito querida, que sempre ajudou a todos, tendo sua casa sempre
aberta a nos receber, principalmente a nós, os mais novos. Tiveram quatro
bonitas filhas - Tânia, a que sabe fazer discursos bonitos tão bem quanto o vô
Moge! É casada com o Luiz e tem duas filhas – essa é a família bambuiense!
Todos residem na terrinha. Depois vem a Ivanisa, casada com o Douglas, que
também residem em Bambuí e têm dois filhos que estudam fora.
A terceira, Ana Cristina, infelizmente
também não está mais conosco – era tão querida que o Papai do Céu resolveu
levá-la cedo prá junto dele. Era casada com o Alexandre e deixou um filho ainda
pequeno, o Thiago. Finalmente, a Cristiane, casada com o Cássio, reside em BH e
tem um casal de filhos também pequenos. Além delas, tiveram o Antero Júnior,
que veio a falecer aos 2 meses de idade.
O Éolo, dizemos que é o Doutor
Virtual – casado com a cunhada Dalva, tiveram dois filhos, Leonardo e
Marcelo. Leonardo atualmente está
trabalhando com o pai em uma pequena empresa que estão organizando. O Marcelo é médico. Ele ainda tem o filho Alexandre, do segundo
casamento com a Wagna. De repente, vocês
estão perguntando – mas porque Doutor Virtual? Porque ele quase nunca está
fisicamente presente em nada – eventos, festas, comemorações, etc...mas age de
forma efetiva e competente quando qualquer um precisa de seu apoio e ajuda!
O Ênnio, casado com a cunhada Ilídia,
tiveram duas filhas – Karolina, que mora nos Estados Unidos já há vários anos, é
casada com o Rafael e tem uma menina lindinha que se chama Ana Rafaela. A mais nova, Ludmila, advogada responsável, séria,
trabalha como Assessora de um Desembargador do Tribunal de Justiça de MG. Ênnio
é o que está sempre mais distante, pois vive e trabalha já há muitos anos na
região nordeste, juntamente com sua companheira dos bons e maus momentos – a
Alexsandra.
Puxa vida... finalmente, chegou na
Regina – eu, aquela pessoa meio nômade, às vezes penso que tenho “rodinha nos
pés”. Saí muito cedo de Bambuí, fui estudar e trabalhar em BH.
Quando me formei psicóloga mudei-me para São Paulo,
onde criei muitas raízes pessoais e profissionais. Apesar da vida louca que se
leva nessa megalópole, graças a Deus consegui muitas coisas aqui – bons
trabalhos, bons amigos, vínculos afetivos que mantive ao longo de minha vida.
Mas, não estive todo o tempo em SP – moramos em Manaus, inclusive na mesma
época que Benício e Maria Inês estavam também por lá.
Passamos uma temporada de dois anos e
meio nos Estados Unidos, retornamos ao Brasil, moramos e trabalhamos em quase
toda a região nordeste, juntamente com Anterinho e Ennio. Tive um casamento de apenas três anos com o
Lázaro, de Bambuí. Depois, me casei com um japonês, Paulo Kubo, vivemos juntos
por 17 anos, tivemos dois queridos filhos – Frederico, que ama os aviões e hoje
é Piloto em uma empresa de aviação executiva e já é pai da Clara, minha
primeira netinha linda e maravilhosa, que eu amo... O mais novo, Felipe, é meio
feroz... segue, por enquanto, carreira militar, sendo Tenente do Exército em Campinas. Mas irá se
formar em Ciências
Contábeis ao final desse ano e pretende trabalhar em outras
áreas, que ainda está definindo. Bem, eu juro que eu queria, pensava e
batalhava em continuar casada com o japonês até que a morte nos separasse! Mas
infelizmente não deu certo o que planejei, nos separamos em 1999. Voltei para
SP, pois na época estava residindo no nordeste.
Recomecei minha vida com os dois
filhotes, já adolescentes. Graças ao
Papai do Céu, que é e sempre foi maravilhoso comigo, retomei a todo vapor minha
vida profissional e pessoal em
Sampa. O mais
importante de tudo... em um curso de inglês, conheci o Gilmar, pessoa
maravilhosa, que é meu terno e eterno namorado...
Domicília, aos 100 anos, com os filhos, Antero, Regina, Ennio, e Kleber. |
Bem, acho que já escrevi bastante...
os leitores já devem estar um pouco cansados... paro por aqui, desejando que
nosso segundo encontro em Bambuí seja
maravilhoso e que possamos rever todos os queridos parentes, transmitindo
nosso carinho e afeto da família do MOGE e DOMICILIA!
ATÉ JULHO, PESSOAL!!!!!!!!!!!!!
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