terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Curiosidade






Como diz a canção, em seus tempos de guerra, em seus tempos sem sol, Antero Torres viveu também um tempo de exílio. Não podendo trabalhar em Bambuí instalou sua banca em cidades vizinhas, que lhe deram abrigo. A distância e as saudades da família eram amenizadas por uma volumosa correspondência. Da enorme pilha de cartas remetidas ao filho Niso e por ele arquivadas, selecionamos o trecho de uma delas que fala da Inês. É curioso observar como esse homem enérgico e guerreiro, mas também um carinhoso e saudoso pai, obrigado a longas distâncias da família, se lembra magoado de sua filhinha, que é homenageada nessa edição do Torresmo.


“Abençouo-te e envio saudades a todos especialmente à Maria. Diga-lhe que estou louco de saudade della, não a esqueço um só minuto. De todos, porém, tenho muita saudade.

Eu costumava prender no escritório a Isotinha, quando ella gritava; ella, coitadinha, assentava-se na cadeira tão humildizinha e dormia logo.  Agora isso para mim é um pesadelo, quando entro no escritório. Já tive até vontade de mudar de escritório. É uma tristeza. Dê-lhe milhões de beijinhos em que vai a imensa saudade do Papaizinho que, agora vai deixá-la chorar e gritar quanto queira, para que pague eu, assim, o soffrimento que lhe proporcionei.

Saudade, abraços e beijos, tantos quanto em uma alma possa caber.
Do Pai affetuoso, Antero Torres”




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