sexta-feira, 12 de julho de 2013

Torresmo nº 6 Julho de 2013


Torresmo nº 6  Julho de 2013

 Editorial
 
Galeria dos filhos de Antero e Alcida.
Esta é a última edição do Torresmo antes de celebrarmos o 2º Encontro dos descendentes de Antero Torres que se realizará em Bambuí – nosso berço – nos dias 26 e 27 de julho de 2013. Na coluna reservada às informações sobre o andamento de sua organização o Torresmo dá conta dos preparativos finais das festas desde o que está sacramentado até o que ainda não está consolidado. E o passeio pela cidade no trenzinho da alegria é um item que está nessa situação de indefinição. A comissão continuará tentando, mas o primeiro contato “roeu a corda”. A programação do palco livre não está fechada, mas como seu caráter é espontâneo, tudo dependerá da animação do momento.
O Cantinho da memória lembra os três últimos filhos do Antero e Alcida: Hermógenes, Symphrônio e Anterinho.
Moge e sua família foram muito bem retratados por Regina que enviou seu texto à redação do Torresmo no dia 16 de junho, depois de mergulhar na leitura dos números anteriores – que ela não conhecia – aproveitando um sabadão paulistano. O espaço cultural é ocupado por mais um conto da Leda, desta vez com um “causo” do Moge. Essas duas matérias, as fotografias, o fax-simile de um bilhete ao mano Niso trazem recordações preciosas dessa figura “sui-generis” ao mesmo tempo muito culto e muito displicente. E nesse mar de lembranças está também a Domincília, aquela brava mulher, com suas boas risadas, com seu modo positivo; que tivemos a felicidade de tê-la por cem anos; que era o nome da escola onde muitas jovens de Bambuí estudaram.
Os leitores vão se emocionar com as memórias do Fão e da Belinha, retratados por Belkiss e por um autor oculto. O texto desse autor está em anexo. Compondo esse cantinho o Torresmo publica um questionário, provavelmente feito pelo Fão e respondido por ele mesmo. É muito interessante e revelador – parece ser o auto-retrato do Symphrônio quando jovem. Alguns fax-símiles e fotografias completam o espaço e nos ajudam recordar desse casal tão amoroso; da Belinha tão amável e receptiva; do Fão tão atencioso, prestativo e solidário, que cultivava a boa literatura e guardou durante a vida inteira suplementos literários de vários jornais.
Maria Lúcia redigiu um belo texto sobre nosso tio Anterinho, que voluntariamente se ausentou. Numa ampla pesquisa nos arquivos da família recolheu cartas, fotografias, documentos, que além da dor que nos foi transmitida pelos nossos pais é o que restou desse filho de Antero Torres, que não chegamos a conhecer. De todo modo ficou em nosso imaginário uma idéia romântica da sua passagem.
A coluna perfil nessa edição veio duplicada: Muceba gentilmente nos fala do Kleber, esse tão ausente filho do Moge. O Berilo do Fão e da Belinha responde a um questionário do Torresmo, relatando sua infância e adolescência em Bambuí e sua juventude de estudante em BH, até as passagens espetaculares de sua vida no exterior.
Bernardo, filho da Marina, neto do Naldo quis homenagear seu avô, no Torresmo, pelo seu aniversário. Só que o Torresmo saiu no mês seguinte. De qualquer forma a homenagem está valendo e a redação se sentiu muito honrada de receber esta manifestação. Todas que vierem serão bem vindas.
O famoso discurso do Coronel Antero saudando a chegada dos trilhos da estrada de ferro em Bambuí – e que era repetido muitas vezes por seus filhos – não poderia deixar de ser publicado em uma das edições do Torresmo. Acompanhado de uma pesquisa sobre a implantação da malha ferroviária em Minas Gerais feita por Maria Lúcia, ele ocupa a coluna curiosidades.
Completando esta edição, o Torresmo publica os e-mails comentando o Torresmo nº 5.


Cantinho da memória 1: Família do Moge
 
O lado elegante do jovem casal
Hermogenes e Domicília.
Domicilia Regina Torres

Falar de Hermógenes é falar de muitas pessoas ao mesmo tempo – era o bom dentista, que tinha sempre seu consultório cheio de clientes; era o bom amigo; o compadre; o fazendeiro; o criador de vacas, cavalos, porcos, galinhas e outros bichos... O criador de passarinhos; ele amava ouvir o canto de seus canarinhos bem amarelos, que ele mesmo pegava não me lembro onde, nem como!
Era um intelectual, de cultura e sensibilidade expressiva, com os discursos na ponta da língua para todos os eventos e ocasiões, que escrevia poemas, que discutia qualquer assunto com profundidade e bom humor, fossem seus interlocutores dos mais letrados aos mais simples... e, não esquecendo sua particularidade – usava seu  bom humor e não deixava de lado seus palavrões – que usava indiscriminadamente, fossem padres, bispos, doutores...
Hermógenes, que tinha o dom da
palavra, em sua pose tipica
para discursar.
Não posso deixar de me referir ao bom marido e companheiro da Domicília, aquela brava mulher, que brigava, esbravejava, mas que foi sua grande parceira durante 55 anos seguidos! Apesar de pequenas brigas, principalmente quando ele resolvia que precisava “refazer a cerca à meia-noite, porque as vacas estavam saindo para a estrada”; mas, principalmente, um homem carinhoso e paciente, que sempre lhe chamava não pelo nome, mas pelo bondoso apelido de “Santa”. Não me esqueço de que ela, muitas vezes brigando, esbravejando... e ele, com toda a paciência... não faça assim com os meninos, minha santa.... lindo isso!!!!!

Era o bom pai, que sempre tinha uma palavra de apoio e carinho para nós, filhos!
Homenagem de Lucy aos 100 anos de Domicília.
Era o grande amigo dos seus contemporâneos João Severo, Aristides Teles, Sidbad, Antonio Sifuentes, Geraldo Alzamora, Dr. Dilermando... e muitos outros que não me lembro no momento.
Ao mesmo tempo, de alguns mais jovens do que ele, Galeno Andrade, Gui, e também outros da turma do “truco”, da pinguinha, do tira-gosto e dos altos gritos de vale-seis, vale-nove, vale cem! Mais uma queda neles... e mais duas quedas, três quedas, vinte quedas... noite adentro, mais uma pinguinha, novos gritos de vitória, novas emoções!
Era também o afetivo e próximo irmão de todos e todas; lembro-me particularmente do Tio Fão e do Tio Totônio, que todos os finais de semana estavam na Lagoa dos Monjolos batendo longas horas de papo.
Não me esqueço que tio Fão chegava sempre a pé, não importando se era sol, chuva, barro ou poeira... e Tio Totonio, no seu carro preto, pomposo e empoeirado pela estradinha da Lagoa...
Hermógenes na lagoa dos monjolos.
Não posso me esquecer dos jovens sobrinhos que sempre estavam rondando o tio Moge... lembro-me bastante do Benício, Rogério...
Bem, para os filhos, sempre se esforçou para dar o melhor de si, em termos materiais, emocionais e espirituais. Todos os meus irmãos foram estudar fora de Bambuí, em uma época que tudo era mais difícil. Tiveram a formação educacional do Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto, provavelmente com o apoio do Tio Salatiel. Formação que com certeza lhes deram base para seguirem suas vidas da melhor forma que aprenderam. Eu, sendo a mais nova e única mulher entre os filhos, tenho certeza que fui muito amada por ele.
Bem, continuando a falar da prole, o primeiro foi o Henner, que infelizmente já nos deixou nessa terra, mas que foi, com certeza, um exemplo de ser humano – bondoso, amigo, sensível com o outro, bastante generoso, um grande ser humano, um grande homem. Casou-se com a Sônia, que continua linda, elegante, esperta e jovial, muito querida por nós todos. Tem quatro filhos, Hilton, Henardo, Hélcio e Cinthya. Todos casados, já com seus filhos adultos, bem centrados, bem de vida e de bem com a vida...
O Kléber casou-se muito cedo, rapidamente teve cinco filhos com a Lúcia: Rosânea, Hermógenes, Helenice, Guilherme e Simone; esposa e guerreira, que praticamente criou os filhos quase sozinha. O velho Hermógenes nunca aprovou essa conduta, tendo sido duro com ele em várias ocasiões. Casou se pela segunda vez com a Irene, teve uma filha - Isabela, mas esse casamento também não deu certo. Guiado e guiando com algumas “cachaças na cabeça”, certa feita provocou um acidente consigo mesmo com um botijão de gás, sofreu queimaduras, mas graças ao bom Deus ficou totalmente recuperado. Essa situação foi uma verdadeira alerta para ele – dessa época em diante, praticamente parou de beber, retornou ao trabalho juntamente com o Anterinho e Ennio e devagar prosperou novamente.  Por incrível que possa ser o destino, foi ele que pode cuidar de perto da mamãe, nos seus últimos seis anos de vida. Agora, com 81 anos bem vividos, está tranqüilo, apreciando o que a vida lhe reservou – a proximidade dos irmãos e dos familiares que lhe têm no coração e que estão sempre por perto dele.
O Anterinho, dentre nós todos, foi o que esteve mais presente nos eventos da família, nas horas boas e más.  Casado com a Eni há mais de 50 anos, nossa cunhada também muito querida, que sempre ajudou a todos, tendo sua casa sempre aberta a nos receber, principalmente a nós, os mais novos. Tiveram quatro bonitas filhas - Tânia, a que sabe fazer discursos bonitos tão bem quanto o vô Moge! É casada com o Luiz e tem duas filhas – essa é a família bambuiense! Todos residem na terrinha. Depois vem a Ivanisa, casada com o Douglas, que também residem em Bambuí e têm dois filhos que estudam fora.
A terceira, Ana Cristina, infelizmente também não está mais conosco – era tão querida que o Papai do Céu resolveu levá-la cedo prá junto dele. Era casada com o Alexandre e deixou um filho ainda pequeno, o Thiago. Finalmente, a Cristiane, casada com o Cássio, reside em BH e tem um casal de filhos também pequenos. Além delas, tiveram o Antero Júnior, que veio a falecer aos 2 meses de idade.
O Éolo, dizemos que é o Doutor Virtual – casado com a cunhada Dalva, tiveram dois filhos, Leonardo e Marcelo.  Leonardo atualmente está trabalhando com o pai em uma pequena empresa que estão organizando.  O Marcelo é médico.  Ele ainda tem o filho Alexandre, do segundo casamento com a Wagna.  De repente, vocês estão perguntando – mas porque Doutor Virtual? Porque ele quase nunca está fisicamente presente em nada – eventos, festas, comemorações, etc...mas age de forma efetiva e competente quando qualquer um precisa de seu apoio e ajuda!
O Ênnio, casado com a cunhada Ilídia, tiveram duas filhas – Karolina, que mora nos Estados Unidos já há vários anos, é casada com o Rafael e tem uma menina lindinha que se chama Ana Rafaela.  A mais nova, Ludmila, advogada responsável, séria, trabalha como Assessora de um Desembargador do Tribunal de Justiça de MG. Ênnio é o que está sempre mais distante, pois vive e trabalha já há muitos anos na região nordeste, juntamente com sua companheira dos bons e maus momentos – a Alexsandra.
Puxa vida... finalmente, chegou na Regina – eu, aquela pessoa meio nômade, às vezes penso que tenho “rodinha nos pés”. Saí muito cedo de Bambuí, fui estudar e trabalhar em BH.  Quando me formei psicóloga mudei-me para São Paulo, onde criei muitas raízes pessoais e profissionais. Apesar da vida louca que se leva nessa megalópole, graças a Deus consegui muitas coisas aqui – bons trabalhos, bons amigos, vínculos afetivos que mantive ao longo de minha vida. Mas, não estive todo o tempo em SP – moramos em Manaus, inclusive na mesma época que Benício e Maria Inês estavam também por lá.
Passamos uma temporada de dois anos e meio nos Estados Unidos, retornamos ao Brasil, moramos e trabalhamos em quase toda a região nordeste, juntamente com Anterinho e Ennio.  Tive um casamento de apenas três anos com o Lázaro, de Bambuí. Depois, me casei com um japonês, Paulo Kubo, vivemos juntos por 17 anos, tivemos dois queridos filhos – Frederico, que ama os aviões e hoje é Piloto em uma empresa de aviação executiva e já é pai da Clara, minha primeira netinha linda e maravilhosa, que eu amo... O mais novo, Felipe, é meio feroz... segue, por enquanto, carreira militar, sendo Tenente do Exército em Campinas. Mas irá se formar em Ciências Contábeis ao final desse ano e pretende trabalhar em outras áreas, que ainda está definindo. Bem, eu juro que eu queria, pensava e batalhava em continuar casada com o japonês até que a morte nos separasse! Mas infelizmente não deu certo o que planejei, nos separamos em 1999. Voltei para SP, pois na época estava residindo no nordeste.
Recomecei minha vida com os dois filhotes, já adolescentes.  Graças ao Papai do Céu, que é e sempre foi maravilhoso comigo, retomei a todo vapor minha vida profissional e pessoal em Sampa.  O mais importante de tudo... em um curso de inglês, conheci o Gilmar, pessoa maravilhosa, que é meu terno e eterno namorado...
Domicília, aos 100 anos, com os filhos, Antero,
Regina, Ennio, e Kleber.
Bem, acho que já escrevi bastante... os leitores já devem estar um pouco cansados... paro por aqui, desejando que nosso segundo  encontro em Bambuí seja maravilhoso e que possamos rever todos os queridos parentes,  transmitindo  nosso carinho e afeto da família do MOGE e DOMICILIA!

ATÉ JULHO, PESSOAL!!!!!!!!!!!!!

Um texto para Belkiss: Um, eternamente lembrado, homem santo

Clique no link abaixo para ler o texto do outor oculto.

https://docs.google.com/file/d/0B46Uw8iGWDnUOWpiT2JhQXhQZVU/edit?usp=sharing
Cantinho da memória 2: Um pequeno resumo da vida do papai – 
                                           Symphrônio Torres Sobrinho

Simphrônio Torres Sobrinho no dia
de sua colação de grau em 15 de
dezembro de 1938.

Belkiss Torres

Nasceu em Bambuí no dia 07 de julho de 1908. Era o oitavo filho do casal Cel. Torres e Alcida Augusta Torres. Ficou órfão de mãe aos 03 anos de idade.
Aos 07 anos começou sua vida de estudante, sendo matriculado no Grupo Escolar José Alzamora, de Bambuí.
Em 1920 mudou-se para Ouro Preto onde fez o curso secundário, estudando também no curso anexo da Escola de Minas de Ouro Preto.
Em 1931 mudou-se para Belo Horizonte, ingressou no curso anexo da Escola de Medicina da Universidade
Fax-simile da carta de Antero Torres
aconselhando o filho que estudava em BH.
de Minas Gerais. Ingressa em 1935 na Faculdade de Odontologia da mesma Universidade. Formou-se Cirurgião Dentista em 1938.
No ano seguinte volta para Bambuí, sua amada terra, onde começa a trabalhar com seu irmão também Cirurgião Dentista, Hermógenes Torres.
Em 1940 abre seu próprio consultório.
Neste mesmo ano, em uma manhã chuvosa, casa-se com Belmira Teixeira Torres. Tiveram doze filhos: Benoni, Belkiss, Beatriz, Benildo, Bethse, Berenice, Benício, Benno, Antero Balder, Berilo, Benard e Brício.
Simphronio guardou em seu acervo os carnês de
sócio do DCE .
Papai foi sempre um cidadão extremamente justo e correto. Era severo e rígido nos seus princípios morais, mas um ser humano carinhoso e humilde. Tinha um espírito totalmente despojado de “bens materiais” e tinha uma capacidade única de amar e doar-se.
Ainda em Ouro Preto, aos treze anos tornou-se “Vicentino” e a vida toda viveu com determinação os ensinamentos de São Vicente de Paula.
Fão e Belinha, em 1940, pela celebração
do matrimonio, tornaram-se uma só alma.
Em Belo Horizonte, no ano de 1931 ingressou na “Congregação Mariana”, na Igreja N. Sra. da Boa Viagem. Era muito fervoroso e seguia com entusiasmo as “normas” da congregação.
Foi um dos “formadores” da Vila Vicentina de Bambuí, onde trabalhou muito, sendo “um pai” para os moradores, durante longo tempo. A praça principal da Vila tem o seu nome, homenagem simples, que para nós toca fundo o coração, e perpetua o nome de nosso pai num espaço da cidade a que tanto amou.
Durante mais de 50 anos papai trabalhou como cirurgião dentista em Bambuí, atendendo também pacientes de cidades vizinhas.
Fão e Belinha cercados pelos 12 filhos nos anos 1960:
Benoni, Belkiss, Beatriz, Benildo, Bethse, Berenice,
Benício, Beno, Antero Balder, Berilo, Benard eBrício.
Foi convidado algumas vezes a trabalhar nas escolas de Odontologia de Belo Horizonte e Ouro Preto, mas jamais quis deixar sua querida Bambuí.
Sua fé, seus valores morais, seus ensinamento, sua paixão pelo saber e sobretudo sua “maneira de viver” tem sido exemplo valioso para seus filhos, netos e bisnetos, que se sobressaem no Brasil e exterior pela postura ética e profissional, como também pela capacidade intelectual.
É um resumo mesmo. A história do papai é longa e cheia de “emoções”. Emoções essas difíceis de serem escritas “concretamente”. As passagens mais interessantes são “subjetivas” demais.
O Cativante sorriso de Belinha.

Para uma cerimônia de comemoração do centenário de Symphrônio Torres Sobrinho, a autora do texto acima o terminou assim:

Pedi a alguém que conhecia muito meu pai e o admirava que escrevesse algo sobre ele. É alguém que prefere não se revelar, por entender que diz aquilo que todos que conheceram o coração amoroso de meu pai certamente diriam também: é um texto revelador do que a vida do Dr. Symphrônio demonstrou e a cidade de Bambuí conhece de perto.

Deste texto, que a edição do Torresmo publica em anexo, foi extraído um trecho marcante sobre o Fão e Belinha:
Em 1990 o amoroso casal Fão e Belinha
comemora suas Bodas de Ouro.

“Symphrônio Torres Sobrinho, o nosso Dr. Fão, o Fão da Belinha... a Dona Belinha do Fão; é impossível falar de um, sem imediatamente se ter, na própria alma, o nome do outro, de vez que a alma dos dois era uma só: eles sabiam, como ninguém, que a verdadeira solução da vida é o dar-se ao outro – jamais a solução virá do egoísmo, no ser somente para si... ! E essa alma única, em que se tornaram os dois, nos inunda.” 
       

Extrato de um questionário respondido pelo Fão
Em um velho caderno guardado pela Bethse, onde seu pai organizou a árvore genealógica da família, anotou com riqueza de informações o nascimento dos filhos e o casamento dos irmãos, ele redigiu as perguntas e respostas deste questionário, que parece retratá-lo bem, no seu bom humor, na sua fé, no seu gosto literário. Pela referência que faz às suas artistas de cinema prediletas é provável que o questionário tenha sido respondido nos anos 1930, portanto por um jovem estudante, que morava em Belo Horizonte. Com a palavra Simphrônio Torres Sobrinho:
Fax-simile da primeira página de um
questionario revelador.



– Como te chamas?
Inconsciência; incoerente.
– Em que cidade nasceste?
Melancolia.
– Quantos anos tens? Quantos são precisos para se conhecer a realidade do mundo.

– Qual o estudo que preferes?
Gosto de literatura.
– Que pensas da religião católica?
“Sublime par l’antiquité de ces souvenirs qui remontent au berceau du monde...” (Chateaubriant). A minha: a melhor, a única verdadeira.
– Qual a tua religião?
A do berço... Aquela onde encontro a verdade e a luz – a católica.
– Que estilo preferes? Simples ou empolado?
O simples. Tudo que é simples agrada.
– Que pensas da poesia?
Que é um balsamo, um consolo, um lenitivo a certas dores da gente.
– Que pensas da emancipação da mulher?
Não a considero escrava, logo...
– Por quê?
Pelo bom censo... E pelo que nos ensinou Cristo.
– Que pensas da vida de solteira?
Sol...teira? Vida inútil: - “Sem lutas, sem acre-mel...” Horrível...
– Que pensas do casamento?
Como certo poeta: - “Um sonho que se torna realidade.”
– Que é o “flirt”
O melhor passatempo das tarde vazias.
– Que pensas do noivado?
A melhor fase do casamento. Um tonel de melado onde agente se afunda até... Ao “céu da boca”.
– Qual o tipo de homem que preferes? 
O são de corpo e espírito. Inteligente, dado, ponderado.
– Que sentes ao luar?
Vontade de beijar a boca da “pequena” quando com ela. Só... Sinto vontade de ir à lua.
– Que espécie de amor preferes?
Não tenho preferências. Qualquer e todo é sublime, embalador...
– Que pensas dos almofadinhas?
“Aquele que come carne com farinha
 E vai dizer pra namorada
 Que comeu macarronada.”
– E das melindrosas? 
Nada. Não penso nada.
– Qual o poeta que preferes?
Não tenho preferências. Bilac, Vicente de Carvalho, Augusto do Anjos... Junqueiro[1]...
– Qual a poesia mais bela?
A sentimental. “Mãe” – Leôncio Correa.
– Qual o melhor escritor?
Garcia Redondo; Pedro Sinzig OFM; Machado de Assis; Rui...
– Qual o mais belo livro?
“Carícia, botânica amorosa”: Garcia Redondo; “Em plena guerra”: Pedro Sinzing OFM; “Helena”: Machado de Assis.
– Qual a religião mais bela?
A católica.
– Qual a mais bela qualidade do homem?
Saber calar. Fé em si. Controle dos sentidos e sentimentos. (À escolha).
– Que é o amor?
É a vida.
– Que pensas da moda?
Uma arte como outra qualquer.
– Que é a felicidade?
O nome da filha do vizinho.
– Qual o artista que mais gostas?
Dolores Del Rio... Jeanette Mac Donald...
– Que pensas do cinema?
Ótima escola para o sensato.
– Qual o dia mais belo de tua vida?
Quando fiz meu primeiro exame.
– Que pensas da dança?
“Que é antes um prazer dos olhos que dos pés”, com Machado de Assis.
– Que é o sonho?
Uma das boas cousas da vida.
– Que é o romantismo?
Espírito doentio... Sei lá.
– Que gosto tem o beijo?
Depende... Às vezes de baton; ou de dentifrício.
– Qual a idade mais bela?
A semi-velhice.
– Que pensas da morte?
A summa pax...
– Que é a mulher?
A preocupação única do homem. Um anjo, às vezes.
– E o homem?
Quase sempre um monstro...
– Qual a música que preferes?
? ... “Casa das três meninas”, Shubert... “Adeus guitarra amiga...”, E Souto.
– Qual o teu ideal?
Formar-me na carreira que abracei.
– Qual a tua divisa?
“Não esmorecer para não desmerecer”, Oswaldo Cruz. Ou “Ver para crer” (mais curta).
– Qual a tua inspiração?
Os bonitos olhos – da... “Pequena”.
– Qual a mais bela carreira?
? ... A do automóvel.
– Que é a paixão?
Um desequilíbrio mental.
– O que a saudade é no cenário da vida
Uma “dor que fere e que tortura”.
– O que mais amas na vida?
A ti leitora angélica.
– O que pensas do modernismo?
Um perigo para os nervos...
– É necessária a religião na mulher?
Mulher sem religião é automóvel sem direção.
– E no homem?
Sem ela é um monstro ou... Um herege.
– Qual a última esperança que nos foge?
Do bilhete da “Federal” sair branco.
– Tens esperança da vida do além túmulo?
Firme.
– Existe a eternidade?
Deus.
– O túmulo é o ponto final da vida? Concordas?
Não. É apenas um túnel que separa a vida de “ici-bas” da eterna.

“Tenho escrito”
                                       



[1] Guerra Junqueiro, Lisboa 1850-1923
Cantinho da memória 3: Imagem simbólica - Antero Torres Filho

Maria Lúcia Torres

Eras noiva! A laranjeiradevia  enfeitar em breve os teus cabelos, irmã; 
eis, de tua cabeceira, num despertar de sonho, um anjo cheio de luz 
falou de manso, de leve: ”é lá no céu teu lugar; o mundo e seus prazeres
 já te farão chorar. Dorme; e quando acordar será noiva de Jesus”
                                
Fax Símile de um texto sem autoria, anotado com letra 
de Niso Torres numa caderneta de notas do Anterino.




Como é muito difícil apontar causas para a escolha de um gesto que interrompe definitivamente, silenciosamente a comunicação, é forçoso que os que ficam sem explicações velem fraternalmente, com respeito e com amor, por aquela vida querida, vivida, e voluntariamente concluída. 
Anterinho, o nono filho de Antero Torres e Alcida Augusta Torres nasceu no dia 28 de março de 1910; em janeiro de 1912, dois meses antes de completar dois anos, morreu sua mãe. Em abril de 1915 o pai casou-se com Maria Guimarães Torres; por dois anos pai, tias, primas e irmãs cuidaram do pequeno, que foi então acolhido por sua nova mãe. Em 1929 matriculou-se na Escola de Direito da Universidade de Minas Gerais e bacharelou-se em dezembro de 1932; associado ao pai, exerceu só por três meses a profissão, pois morreu a 15 de abril de 1933.

Fax-simile de nota na caderneta (agenda); Trata-se de um obra publicada
nos anos de 1920 em Buenos Aires e que periódicas reedições
garantem sua permanência no mercado editorial.


Ele era um rapaz bonito, elegante, refinado; algumas de suas frases, encontradas em anotações e cartas, induzem que o desvelo por ele dedicado à sua formação intelectual, respaldava a aspiração de trilhar brilhante carreira, instalado de preferência na Capital. Porém, o meu tio Anterinho transformou-se num volume irrisório de imagens fotográficas sem movimento, nalguns papéis escritos – sem voz, e no silêncio, quase permanente, adotado por meus pais, referente à sua memória. Segundo depoimento de Edna Torres papai costumava narrar a satisfação de seu pai, Antero Torres, referindo-se ao jovem filho bacharelando – “Meu filho, meu colega e meu xará”.
Na ocasião de sua morte levantaram-se rumores contra uma jovem, apontada como a “moça fatídica”. A moça, cuja família mantinha enraizados laços de cordialidade com a família de Antero Torres, enviou-lhe uma longa e afetuosa carta ofertando-lhe o consolo de sua dor. Antero manteve guardado esse belo documento que, depois de sua morte, meu pai recolheu e discretamente preservou.

Breve galeria de retratos.



Em ordem cronológica, anotações e trechos de cartas preservadas por alguns dos irmãos de Antero Filho:
Caderneta de Notas[2]: (pags. 1)
Carta ao Totônio[3]: data> 06 de maio de 1932


Cartas a Iracema[4]: de 23 de maio e de 26 de setembro de 1932. (duas cartas)







[1] Fundo Niso Torres: Série cadernos de notas.
[2] Fundo Niso Torres: série cadernos de notas.
[3] Fundo Antônio Torres Sobrinho\ Custódia Lucy C. e Fernandes Pinto.
[4] Fundo Niso Torres\ Pasta Iracema Torres, recolhida ao Fundo Niso Torres por Dalmo Torres.
Perfil 1: Kleber Torres
Múcio Mendes (Muceba)

Kleber em frente ao Colégio
arquidiocesano em Ouro Preto.
Compartilhar é um ato democrático, porque é abrangente – sem predisposições.
Humanitário, porque dá prazer à alma.
É que eu compartilhei com Kleber um bom pedaço da vida, portanto posso dizer; é grande a nossa amizade, tanto assim, que posso chamá-lo de Pirola – acho que é um apelido familiar, mesmo pensando que só eu o faço!
Diz ele que sabe se cuidar; e que não pensem dele o que ele não é. Kleber, aqui de Bambuí, foi para Ouro Preto estudar no colégio Arquidiocesano. Fez o curso ginasial e foi para Belo Horizonte. Falando em BH, Kleber foi fazer um teste no Cruzeiro; nesta ocasião eu tinha acesso fácil ao Cruzeiro Esporte Clube, porque havia jogado ali por um ano. Não seria um teste comum, era mais uma apresentação, Kleber era um craque e não fez feio nessa apresentação, mas não quis continuar nos treinos porque não se dava com profissionalismo.
Afirmo que ele foi um craque, porque joguei com ele pela A.E. B, aqui de Bambuí, onde este meio campista fazia ala com outro “cracasso”, Geraldo Campos.
Kleber não era de fazer gol. Uma ocasião fomos jogar em Campo Belo e o Pirola fez um gol no Plauto, goleiro que havia sido seu companheiro no colégio Arquidiocesano.
A bola bateu em uma mureta que ficava no fundo, bem atrás da baliza do gol e voltou à mão do Plauto que, a segurando, teve a “defesa” confirmada pelo juiz, que era de Campo Belo. O Kleber então, reclamando seu feito, se dirigiu bravo ao Plauto: Pô Plauto, e a nossa amizade, diz para o juiz que foi gol! Você sabe muito bem que não sou de fazer gol. Mas não adiantou, o placar no fim do jogo era 0 X 0.
Kleber é bastante sensível, inteligente, fala um bom português, pois foi aluno do Padre Mendes em Ouro Preto.
Sua mãe foi morar perto do Dr. Eolo, em Cláudio, quando ela adoeceu. Kleber foi morar com ela para cuidar dos seus males.
Domicilia viveu até 100anos! E o Pirola ao seu lado, por ser um filho carinhoso.
Kleber morou também no sítio de Anterinho um bom tempo, tanto que ali, furou uma cisterna, sozinho! E mais ainda, construiu um barraco, também sem sequer um ajudante!
Sou seu amigo, Pirola.
Felicidades é o que te desejo.    

Continue a viver sua vida em paz.

Perfil 2: Berilo Torres

Berilo e Dulce em recente viajem a Turquia.
Torresmo: Onde e quando você nasceu, quem são seus pais, quantos irmãos?
Berilo: Nasci na rua cujo nome homenageia meu avô Antero Torres, em sua antiga casa, éramos doze irmãos, todos com os nomes iniciados com a letra B, exceto um que por nascer no mesmo dia que vovô, ganhou seu nome.
Meus pais Seu Fão e D. Belinha, sempre nos criaram com carinho, mas também com rigidez, pois manter a ordem naquela grande família não era fácil.
Torresmo: Fale um pouco de sua infância, de sua adolescência, de seus amigos, de sua cidade, dos estudos, das diversões.
Berilo: Vivi até os 17 anos em Bambuí, e apesar das dificuldades inerentes a uma família tão grande, sempre fui muito feliz. Até a primeira série ginasial era um aluno de regular a bom, mas depois da minha primeira namorada, meu primeiro gol e meu primeiro violão o estudo ficou "prejudicado" e estas três belas coisas da vida passaram a ser mais interessantes que as letras.  A juventude, uma maravilha. Vivia entre amigos e primos deliciando aqueles momentos que eram de pura magia, a alegria do carnaval, as farras nas exposições, os bailes de debutantes inesquecíveis, as serenatas românticas e as cantorias.
Foi a época em que a música passou a ser parte de mim. O mundo vivia a revolução do rock e em Bambuí não era diferente; tínhamos lá “Os Geniais do Ritmo”, “conjunto” (era assim que se denominavam as Bandas e os Grupos de hoje) do qual, após sua perfeita formação original, também fui integrante. Vivíamos cercados de Torres, este sangue que corre em nossas veias, nos une e nos dá orgulho. Adorava conviver no meio deles, as tias e tios que eram só carinho, e os primos e primas eram como irmãos.
Torresmo: Como escolheu sua profissão e onde estudou?
Berilo: Papai era dentista de profissão, mas engenheiro de coração. Adorava a engenharia. Na época de ginásio eu já tinha dois irmãos engenheiros, Benoni e Benicio, então não foi difícil decidir em também ser engenheiro. Depois de tanto penar nos vestibulares, talvez por aqueles três motivos, passei na FUMEC e em 1981 me graduei em Engenharia Civil.
Torresmo: Conte algumas recordações interessantes do serviço militar.
Berilo: “Prisioneiro não come, prisioneiro, trabalha. É um trabalho profícuo e laborioso, em prol da mui querida e estremecida Alto Esboslávia. A Alto Esboslávia vos proclama, oh, prisioneiros! Prisioneiro não come, prisioneiro trabalha! Salve o General Kracoldo, grande comandante da Alto Esboslávia, prisioneiro não come, prisioneiro trabalha!" Eram estes os dizeres que escutávamos durante 24 horas em um treinamento feito no “glorioso” Exercito Brasileiro, já no meu período de estagio no 12° Regimento de Infantaria (12 RI) no ano de 1974. Servi o CPOR em 1973. O exército me ensinou a disciplina, e fiz lá amizades que cultivo até hoje. Muito trabalho, muita exigência, mas também momentos de descontração e às vezes curtindo o “status” de com 19 anos ser um tenente.

Torresmo: Você é um executivo que se destacou no Brasil e no exterior. Conte um pouco de suas andanças e das peripécias que você viveu.
Berilo: Meus 10 anos de estudo e residência em Belo Horizonte, de 1972 a 1982, me fizeram adulto. Comecei cedo a trabalhar, aos 20 anos. Assim que terminei meu estágio de serviço no exército, fui para a batalha, era necessário trabalhar, pois a minha faculdade era particular. Foram tempos difíceis, de dureza total, mas ainda de muita alegria.  Não perdi meu contato com Bambuí, estava sempre por lá, nas festas da família ou mesmo curtindo meus pais. Formei-me em dezembro de 1981 e já em julho de 1982 parti para o mundo, tinha consciência de que tudo que havia vivido até ali, iria ser passado e fui á luta. Fui contratado pela M. Junior para trabalhar no Iraque e em plena Copa do Mundo de 82 deixei o Brasil. Estive no Iraque em duas ocasiões, de 82 a 87 e depois de 89 a 90. Tive lá uma das maiores experiências da minha vida. Não bastasse as dificuldades em se trabalhar naquele país, o calor do deserto, a cultura totalmente diferente e a situação política instável. Em agosto de 1990 o Iraque, sob o regime de Sadam Hussein invadiu o Kuwait. Iniciava naquele 02 de agosto um dos episódios marcante do século XX, a Guerra do Golfo. Era eu, chefe de uma obra de rodovia que ligava Bagdá à fronteira da Jordânia. Tínhamos um acampamento a 200 km desta fronteira, por isso por orientação do presidente do Brasil, Fernando Collor, todos brasileiros que viviam no Iraque e aqueles que conseguiram fugir do Kuwait teriam que ir para este acampamento. Estava naquela época com 146 funcionários vivendo no acampamento e da noite para o dia, passei a ter mais de 450 “hospedes”.
Berilo em seu escritorio no Iraque, em 1982,
com a foto de Sadan Hussein. era obrigatória
a foto dele em todos os escritórios.

Eram brasileiros que trabalhavam em outras obras da Mendes Jr, de outras empresas, e também funcionários das embaixadas brasileira do Iraque e Kuwait. Foram dias de inferno, éramos verdadeiros escudos humanos nas mãos de Sadam Hussein. Foram 56 dias de tensão com toda aquela gente no acampamento e ao término das negociações das autoridades brasileiras enviadas àquele país, mais especificamente uma comissão chefiada pelo Embaixador Paulo de Tarso Flecha de Lima, fui designado juntamente com cinco colegas a ficar como “garantia”, para que os brasileiros pudessem deixar aquele país. Foram mais 100 dias de sufoco, mas em novembro fomos trocados por outros companheiros e pudemos voltar para a casa. Já no inicio de 1991, com a guerra ainda ocorrendo no Golfo, fui para a Bolívia, onde presenciei quedas de vários presidentes e, por uma ocasião destas, tive que sair de lá junto com outros brasileiros, em um avião Hercules da FAB. Em 1995 deixei a Mendes Jr e a Bolívia e fui trabalhar na Colômbia pela Construtora Andrade Gutierrez e lá também vivi outra grande experiência em minha vida. Em agosto de 1996 dois engenheiros da Andrade Gutierrez foram seqüestrados pelas FARC e coube a nossa equipe da empresa e consultores especializados a dura tarefa de negociar e libertá-los. Sem duvida uma experiência que, com certeza, não vou esquecer.
Berilo, no local de construção de uma estrada na
Bolívia, em 1998.
Depois, em meados de 1997, contratado pela Construtora Queiroz Galvão, empresa na qual trabalho até hoje, voltei à Bolívia onde permaneci até 2001; ficando assim com um período vivido na Bolívia de quase 12 anos. Voltei ao Brasil em 2002, onde então continuei trabalhando na área internacional da empresa, sendo o responsável pelo desenvolvimento de negócios no Caribe, América Central e América do Sul. Trabalhei e desenvolvi negócios em vários países como, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, El Salvador, Nicarágua e Republica Dominicana. Em 2008, já cansado de tanto “voar”, voltei à nossa querida BH. Senti grande dificuldade de readaptação ao ritmo da vida brasileira e mineira, mas reencontrei meu compasso e minha vida ao lado da minha segunda esposa Dulce.
Plural: Homenagem ao meu avô

Bernardo Torres Bicalho

Bernardo com o avô Naldo.
Dado o significado e importância de Naldo Torres em minha vida busquei idéias sobre ele para colocá-las no Torresmo. Sem desmerecer ninguém, tem entre os descendentes de Antero Torres, que não foram mencionados nas páginas do jornal, um, muito especial para mim – o meu doutore.
Poderia colocar nesse texto milhares de qualidades e defeitos desse homem, mas acredito que isto todos estão “carecas” de saber. Então darei ênfase somente àquelas que fazem dele um cara único, especial e querido por todos que o conhecem bem.
Começarei por duas características dele que são as mais marcantes: o bom humor e as brincadeiras.
Vocês conhecem várias pessoas que brincam e são bem humoradas em ocasiões festivas e alegres.
Mas e uma pessoa que brinca e tem bom humor em qualquer ocasião – de festas a velórios ou reuniões de trabalho? Se vocês conhecem Naldo Torres, então, vocês conhecem essa pessoa.
Outra característica muito marcante desse homem é o caráter. Uma característica importante para qualquer pessoa – dos mais simples aos que ocupam os maiores cargos públicos. E há de se convir, que a muitos homens nessas posições, tal característica está em falta. Eu acredito que o doutore poderia dar uma parte do seu caráter a esses homens e, mesmo assim, ainda o teria de sobra. Incapaz de trapacear para alcançar uma melhor posição social, ou econômica, estamos diante de uma pessoa que chegou aonde chegou; tem o que tem; é o que é graças a qualidades que ele julga importantíssimas – o caráter e o esforço pessoal.
Duas outras qualidades que tornam muito gratificante o conviver com ele são: a compaixão e a capacidade de ajudar o próximo. Ele é incapaz de perceber uma pessoa do seu convívio passar por dificuldades e não oferecer-lhe ajuda. E não age assim esperando alguma recompensa ou reconhecimento; oferece ajuda esperando apenas o bem estar do outro, aumentando assim o seu extenso leque de amigos.
O doutore é também uma pessoa explosiva. Facilmente quando algo não acontece da forma que ele esperava ou que alguém faz alguma coisa que ele considera errada ele explode. Começa uma briga agressiva e pesada, às vezes envolvendo pessoas que nada tem há ver com o “peixe”. Mas o reverso desse comportamento, e que felizmente impede que os outros se afastem dele, é a enorme capacidade de reconhecer seus erros e se desculpar com as pessoas que tenha magoado. Assim as pessoas acabam relevando as ofensas feitas, pois sabem que na hora da raiva ele fala sem pensar, mas voltando a calma ele reconhece quando está errado e pede perdão.

Esse texto mostra um pouco da minha admiração e um pouco quem é Naldo Torres. Admira-lo não é coisa complicada, basta conhecê-lo e conviver com ele. E é só aplicar nesse convívio um princípio que é importantíssimo na profissão dele: observar, observar e observar.