sábado, 26 de maio de 2012

Editorial


Produzir um jornal da família é um projeto acalentado há muito tempo. Fiéis a esse propósito retomamos a tentativa, com um jornal bimensal on-line. A primeira iniciativa foi do Benício com a colaboração da  Nilzinha que criou o nome. Em outubro de 1994 o Torresmo (é Torres mesmo) foi lançado. Apesar de muito apreciado o jornal não vingou por falta de colaboração desse mundo de gente que tem em suas veias o sangue de Antero Torres e que anda espalhada por esse mundão de Deus.

Agora no embalo do 1º Encontro e contando com o avanço da comunicação via internet sai o 2º número do jornal.

Ele é importante porque além de recolher e divulgar depoimentos, fatos e fotos, lembranças, casos, notícias, etc sobre nossas personas idas e presentes, deverá receber sugestões para a organização do próximo e de outros Encontros e divulgar o que for decidido. Enfim será uma ferramenta importante de articulação da galera para construção dos Encontros.

Vamos fazer um grande mutirão para editar cada número do jornal. Ele precisa da contribuição e participação de todos. Ele depende do envio permanente de fotos, notícias, publicidade, adivinhas e curiosidades, poesias, crônicas, contos, etc.

Ele pretende ser o retrato de nossa família e será assim que ele fortalecerá nossa união.

Nesse primeiro número o Cantinho da Memória é sobre Antero Torres. O Perfil do Mês sobre o Benício, principal responsável pelo sucesso do 1º Encontro. No espaço reservado a Opinião uma neta, duas bisnetas, dois trinetos tecem comentários sobre o 27 de julho de 2011. No espaço da Organização do 2º Encontro é apresentada a sua programação em Bambuí. Os espaços lúdico e cultural reservam boas surpresas. Teremos em todos os números um espaço de Publicidade reservado aos acontecimentos particulares de nossos artistas, escritores e lá vai. Enviem suas programações. Contem tudo para a galera. A coluna Plural é reservada a informações variadas, tais como nascimentos, casamentos, falecimentos, viagens, homenagens, etc. No espaço da Promoção, o principal é incentivar a circulação do jornal. Queremos atingir todo mundo. E tem mais. É aí que vão os apelos: Tem notícias para contar? Fotos para postar? Quem são os jornalistas da família? Quem vai assumir a edição dos próximos jornais. Esse primeiro número contou com a colaboração de um jornalista amigo, Eduardo Valdoski, mas para os próximos números será bom usarmos os talentos de familiares.

Até o próximo número. Até o próximo Encontro!


Expediente
Jornalista: Eduardo Valdoski
Conselho Editorial: o conselho editorial é formado pela Comissão Organizadora do 2º Encontro – Bethese, Edna, Heleninha, Ieda do Dalmo, Iedinha, Lelena, Lucy, Mara Lima, Maria Alcida, Maria Lúcia, Maria Luiza e Tânia.
Colaboraram nessa edição: Benício Torres, Solange Torres Debrot, Aninha do Escritório do Dalmo, Tuany do Spassu Fotográfico.
Endereço provisório: Maria Luiza Torres - Rua Vigário Protásio, 395 Cerrado - Bambuí/MG  Fone: (037) 3431-1229 manaslu.torres@gmail.com

Cantinho da memória: Lembrando o ilustre bambuiense Coronel Antero


Lucy Costa e FernandesPinto
Edna Torres
Colaboração de:
Dalmo Torres e Maria Luiza Torres


Ficha de identificação

Nome: Antero Torres
Filiação: Antônio José Torres e Maria Jacynta D’Annunciação
Naturalidade: Bambuhy/MG
Data de nascimento: 02 de agosto de 1873


Rodeado de parentes e amigos, Antero Tôrres, passou a infância em Bambuí, numa vida tranqüila como era a das pequenas vilas de então.

Naquela época era muito difícil mandar os filhos estudar fora, devido à grande distância das cidades onde havia colégios e à precariedade dos meios de transporte. Apesar disso, seu pai, o Coronel Tôrres, fez questão que seus filhos estudassem.

Antero Tôrres foi para o Caraça, então o melhor educandário de Minas Gerais, dirigido por padres franceses e portugueses, Lazaristas, da Congregação das Missões.

Do Caraça, Antero Tôrres foi para Mariana, onde concluiu o curso preparatório. Dali partiu para o Rio de Janeiro, estudando três anos na Escola de Direito.

Para se sustentar, dava aulas de francês no colégio dos padres Lazaristas em Rio Comprido.

Com sua inteligência brilhante, tornou-se um grande humanista e exímio latinista. Falava corretamente francês e espanhol.

Voltando para Bambuí, já familiarizado com as leis, tornou-se “Provisionado”, título que se dava a quem, através de provas, era autorizado a exercer a profissão de Advogado, sem ser Bacharel em Direito.

Lutou com grande dificuldade em um município novo, cujo movimento forense era insignificante. Mas persistente e trabalhador, tornou-se bem depressa imbatível na Tribuna Judiciária, onde seus colegas raramente conseguiam superá-lo. Assim, estendeu seu trabalho produtivo, correto e íntegro, militando em outras comarcas da região e até mais longe, como em Patrocínio e Coromandel. Nesta cidade há uma rua que tem seu nome, como homenagem a esse ilustre cidadão. Foi além das fronteiras do Estado: em Catalão, Estado de Goiás, ainda há no cartório, processos trabalhados por ele.

Casou-se com Dona Alcida Augusta Tôrres em 13 de fevereiro de 1897. Deste enlace nasceram: Euríalo (o Lico), Antônio (o Totônio), Iracema, Maria Augusta (a Pepita), Niso, Salatiel, Hermógenes (o Moge), Sinfrônio (o Fão) e Antero.

Dona Alcida faleceu em 19 de janeiro de 1912.

Antero Tôrres casou-se em segundas núpcias com Dona Maria Guimarães Tôrres em abril de 1915. Deste casamento nasceram os seguintes filhos: Mozart, Wilson, Jubal, Luiza de Marilac, as gêmeas Alcida e Alcira (Dada e Didi), Inês e Maria Jacinta.

Tal como seu pai, preocupou-se com a educação de seus filhos. Fez questão que todos estudassem. Três foram como ele, advogados. Um médico, com título de doutor em medicina, por ter se aprofundado mais nos estudos. Dois engenheiros, dois cirurgiões dentistas, um fazendeiro e as mulheres professoras.

Aos filhos, além dos estudos, transmitiu o seu exemplo de vida, a sua fé, o seu amor à família, o seu modo de ser cidadão com um entranhado amor à terra e à sua gente. Forjou uma família de pessoas leais, amigas, cultas, sempre dedicadas ao engrandecimento de Bambuí.

Foi Agente Administrativo, cargo que corresponde hoje a Prefeito, exercendo seu mandato de 1909 a 1912.

Editou nessa década o primeiro jornal de Bambuí, “O Pharol” – do qual era o redator chefe. Mais tarde fez circular outro jornal A Voz de Bambuhy.

Nesses tempos da República Velha a absoluta dependência dos municípios em relação aos governos estaduais produziu chefes políticos locais, que amparados pelos poderes do Estado, conduziam a política local com ferocidade, tratando seus adversários com grande hostilidade. É dessa época um dito atribuído a um político mineiro: “para os amigos pão, para os inimigos pau.” Como conseqüência dessa conjuntura enfrentou dias turbulentos, próprios dessa época infame de abusos e desmandos.

Foi perseguido, mas ganhou a afeição de seus companheiros e o respeito dos adversários, por sua coragem nas dificuldades, por sua lealdade aos amigos, por sua retidão de caráter, por sua forte personalidade.

Faleceu no dia 10 de novembro de 1937.

O cortejo para o cemitério local foi longo. Havia muitas pessoas desta cidade e das cidades vizinhas. Falou à beira do túmulo o colega advogado Dr. Jadir Brito da Silva e a Senhorita Maria Melo, em nome do Grupo Escolar “José Alzamora”.

Uma parte de sua casa ainda permanece de pé, à Rua Antero Tôrres, 217. Também ainda estão lá as árvores plantadas por ele e cuidadas com tanto carinho.

Essa rua tem seu nome, numa justa homenagem de Bambuí ao seu filho ilustre.

Lucy é filha adotiva do Totônio e da Juracy.
Edna, Dalmo e Maria Luiza são netos do Antero
e da Alcida, filhos do Niso e da Alda.
Todos moram em Bambuí.
.


Bibliografia
Arquivos da família Torres
Revista Acaiaca: Artigo assinado por Antônio Montijo e João Licínio da Silva
O Pharol   Ano 2, nº. 47  14 de abril de 1918 (Hemeroteca do Estado de Minas Gerais)
O Eco nº. 168 - 18 de novembro de 1937: Artigo assinado por E. Mourão
Folhetos do Santuário do Caraça de 1992 e do 2º semestre de 2005
Leal, Vitor Nunes – Coronelismo. Enxada e Voto
Silva, Lindiomar J. – Bambuí nas trilhas da Picada de Goiaz

Perfil: Quem é o Benício Torres


Belkiss Torres de Miranda*

Benício Torres nasceu em Bambuí no dia 10 de fevereiro de 1946. É o décimo filho de Symphrônio Torres Sobrinho e Belmira Teixeira Torres.

Foi uma criança muito viva, curiosa e esperta, um rapaz muito alegre e extrovertido. É um homem extremamente honesto, íntegro, sincero e muito trabalhador; está sempre enfrentando desafios. Tem um grande coração, é humilde e se doa inteiramente ao outro.

Sempre curtiu muito a família, ama estar com todos, gosta de caminhar como exercício e ver futebol e corrida de Formula 1 pela televisão. Gosta de cinema, teatro, música e de shows musicais, de preferência rock progressivo.

Muito religioso (católico praticante) sempre ajudou nas paróquias dos lugares onde morou. Gosta de dar catecismo para crianças; atualmente auxilia na paróquia de santo Antônio em Belo Horizonte.

Foi o idealizador e o patrocinador do primeiro jornal da família Torres "O Torresmo". Também no primeiro encontro da família Torres foi o idealizador e coordenador, batalhando muito para que esse acontecesse. É casado há 36 anos com Maria Inês Magalhães Torres, grande companheira. Tem um casal de filhos, Gustavo Magalhães Torres, de 36 anos, médico otorrinolaringologista, morando em Brasília, casado com Carolina Hersinzon Torres. No dia 14 de maio de 2012 nasceu Lucas, o primeiro filho do casal. A filha, Tatiana Magalhães Torres, arquiteta, é casada com o também arquiteto Cláudio Parreiras Reis. Eles são pais de Joana Torres Reis, uma adorável netinha.

Benício se considera "pessoa simples, racional, fiel, espontâneo, com auto- controle e honesto, sem agressividade, mas convincente em suas colocações, sendo necessário em alguns momentos dosar seu perfeccionismo e usar de sua racionalidade para dizer não".

Formação e vida profissional:

Benício fez o curso primário no Grupo Escolar José Alzamora e o curso ginasial no Ginásio Antero Torres, em Bambuí. Foi para Belo-Horizonte, cursou o científico no Colégio Estadual Central entrando em seguida no curso de Engenharia Civil da UFMG. Fez vários cursos de especialização, participou de vários seminários e ministrou muitas palestras no Brasil e no exterior.

Em 1966, com 18 anos de idade, concursado, começou a trabalhar no DR/MG como Auxiliar de Escritório, passando em seguida para a função de Revisor de Medição, exercida até se graduar em Engenharia Civil em 1971.

Durante o curso de engenharia e trabalhando no DR/MG, aproveitou todas as férias escolares para estagiar nas diversas obras rodoviárias que aconteciam no estado de Minas Gerais. Também fez estágios no setor de projetos rodoviários e laboratório de solos e asfalto.

Graduado, assumiu a fiscalização de uma obra rodoviária em Viçosa, no interior de Minas Gerais, ainda pelo DR/MG.

Convidado pela Construtora Tratex S.A., aceitou o desafio de assumir a seção técnica da obra de pavimentação da Belém-Brasília, no estado do Maranhão, onde permaneceu por dois anos. Ainda pela mesma empresa, executou a implantação de uma rodovia no Triangulo Mineiro, em Iturama, como Chefe de Obra.

De 1975 a 1995 trabalhou na Construtora Mendes Junior. Foi Engenheiro de Produção na duplicação da BR/116, no estado de São Paulo, e Superintendente de Obra em Carmo de Minas, próximo a São Lourenço. Como Diretor Adjunto da Regional Centro-Norte, executou obras de grande e médio porte.

De 1979 a 1982 trabalhou no Iraque como Superintendente Geral de Terraplanagem, na construção de 550 km de ferrovia, obra que chegou a ter 14 mil funcionários de 42 nacionalidades onde se comunicava normalmente em inglês (e no dialeto da obra).

De volta ao Brasil, pavimentou a rodovia entre Lajinha e Mutum, no oeste Mineiro.

Trabalhou também no Paraguai onde ficou por dois anos, como Superintendente de Obras na pavimentação da Ruta V.

De novo voltando para o Brasil, atuou como Gerente de Obras e posteriormente, como Gerente Comercial na Região Norte do País, tendo residido em Rio Branco no Acre e Manaus no Amazonas.

Ainda na Mendes Junior, de 1991 a 1995 atuou como Gerente Comercial e depois como Diretor Adjunto da Regional Centro Norte, residindo em Goiânia/GO.

Deixando a Mendes Junior, voltou para Belo Horizonte para viver um novo desafio na área de produção e mercado como Diretor de Franquia da Coca Cola em BH. Com a venda da franquia de BH para a própria Coca Cola Internacional, voltou para o setor de construção pesada como Gerente de Projetos da Tercam Engenharia Ltda., tendo atuado na implantação das obras de duplicação da rodovia Fernão Dias e na Rodovia do Boi, ambas em Minas Gerais.

Voltando para o negócio de concessões rodoviárias atuou em uma parte da Rodovia Anhanguera no estado de São Paulo, quando foi constituída a Concessionária Intervias S.A.

Em 2000, mudou-se para o Rio de Janeiro, convidado pela empresa Oriente Construção Civil Ltda. para a construção da Rota 116 no noroeste do estado do Rio de Janeiro onde atuou como Presidente por quatro anos. Depois passou a ser Conselheiro da Rota 116 e Diretor de Operações da mesma empresa.

Voltou para BH em 2007 para reabrir o escritório da Carioca Engenharia S.A. Logo depois assumiu a presidência da concessionária da MG/040, onde permaneceu por dois anos. Em 2009 mudou-se para o Rio de Janeiro como Diretor de Operações da Autograf Projetos e Construção Ltda. No ano seguinte, volta para Minas Gerais como responsável pelo desenvolvimento de novos negócios da Cânter Construções e Empreendimentos S.A. onde permanece até hoje.

(foto da Belkiss)

*Belkiss é filha de Synphrônio Torres Sobrinho (Fão) e Belmira Teixeira Torres (Belinha), casada com Judas Tadeu Chaves de Miranda, tem três filhos e dois netos. É artista plástica com uma reconhecida obra de pintura em tela.


Espaço Cultural



2º CONTO ¹
                                                                                                Leda Torres de Andrade ²

O escritório do Coronel Antero era território proibido a seu bando de netos, que eram tão numerosos como as estrelas do céu. Quando se juntavam punham-se a praticar estripulias que nem o mais ardiloso dos gênios poderia imaginar. Como tudo o que é proibido é cobiçado, quase tudo naquela casa era cobiçado. O Coronel apreciava o requinte e sua esposa, como dona de casa perfeita e caprichosa, não admitia estripulias. Eram ambos extremamente severos. Portanto as proibições não se restringiam ao escritório, que continuava sendo um lugar sagrado. Para não desorganizar a casa, os moleques eram despachados para o quintal, mas não tinham licença de tocar nas frutas sem o consentimento de um dos dois.

Entretanto, curiosamente, os netos não se sentiam constrangidos ou sequer magoados. Havia o bem-querer. O avô era o chefe inquestionável e todos, filhos e netos, lhe prestavam culto.

Apesar de morar em uma cidadezinha despretensiosa, nada despretensiosa era a vida do Coronel. Cultuava as boas coisas do bem viver e possuía certo savoir-faire. Por conseguinte seu ambiente de trabalho não era impessoal ou frio. As paredes eram cobertas por grandes estantes que guardavam não só livros técnicos, constituições, códigos e leis, mas livros de grandes pensadores, filósofos e romancistas famosos. Havia os de grandes historiadores e mapas belíssimos.

No meio da sala arejada por três janelas ficava a primorosa escrivaninha torneada, com um tampo de vidro, onde se empilhavam autos, pastas e folhas de papel seguras por pesos de cristal. A um canto uma jarra de cristal sempre arrumada com rosas do jardim que havia ao lado. Perto da porta de entrada havia a escrivaninha alta, onde ele trabalhava de pé, quando as costas lhe doíam. Porque, apesar do porte desempenado, ele era barrigudo. E o peso da grande barriga lhe forçava a coluna vertebral. Mas não lhe vergava as costas. O aprumo de seu porte lhe conferia grande dignidade.

A maioria dos constituintes do advogado era de fazendeiros e quase todos matutos. As escolas eram raras e mandar filhos para estudar em capitais requeria dinheiro e idealismo. E a roça se ressentia de ambos. Por isso os fazendeiros padeciam de falta de instrução. Poucas vezes iam à cidade.

Moravam em grandes casas de adobe, quase sempre com bicas d’ água na porta da cozinha e porcos soltos fuçando a terra e enchendo os terreiros com bichos de pé. Mas quando iam a qualquer recanto que fosse, fazendas vizinhas, arraiais ou cidade, exibiam suas posses em primorosas arreatas forradas com coxinilho felpudo e relhos com cabo de chifre trabalhado em tiras de couro bem trançadas. As estradas eram precárias, de sorte que os homens engoliam a poeira dos caminhos ou os cavalos amassavam o barro e chafurdavam nas poças d’ água lodosas. Nas cidades tudo os encantava.

Foi o que se deu com um roceiro curioso e inteligente que tocava uma demanda com um vizinho por conta de uma aguada. A lei do uso da água é intrincada como soe acontecer com a maioria das leis. E o pobre homem não conseguia atinar com a causa da morosidade da demanda com o vizinho. E, pois, resolveu procurar o advogado, o Coronel Antero. Tendo cavalgado horas e horas, chegou à porta, apeou, amarrou o cavalo na estaca e entrou no recinto sagrado para os netos. O Coronel, gentil, ofereceu-lhe água fresca e iniciaram a conversa. Assunto difícil, cheio de recursos e silogismos e os dois trocavam informações e indagações.

- Olha compadre, obtemperava o advogado. O córrego divide as duas propriedades. A água, portanto pertence aos dois. Faça sua aguada mais pra cima, passe um fio de arame e o problema fica resolvido. Se você encasquetar e levar a coisa na lei, o juiz tem que ouvir as partes, arrolar testemunhas, e estas coisas demandam tempo, você sabe.

- Eu já fiz isso, Coroné. E o compadre vizinho disse que meu gado ta sujando a água.

O roceiro ia e vinha, informava-se, indagava, trocava idéias, mas seus olhos presos nas estantes repletas de livros demonstravam seu encantamento.

Notando o interesse do homem, que já não prestava atenção à conversa que o trouxera, o advogado indagou curioso:

- Gosta dos livros, compadre? Notei que não tira os olhos da minha biblioteca...

Profundo suspiro escapou do peito do matuto que parando em frente a uma das estantes afirmou com simplicidade e, sem se dar conta disso, revelou sua grande sabedoria:

- É Coroné, nois num tem bibrioteca. Nossa bibrioteca é o povo. Cada povo representa um valume e cada valume uma nação adeversa.



¹ Este 2º Conto faz parte de um livro ainda não publicado que a autora dedica a seus netos para que eles tomem conhecimento de suas origens.

² A autora é neta do Antero e da Alcida, filha do Niso e da Alda, viúva do Galeno Andrade, tem seis filhos e treze netos. É artista plástica, com uma vasta obra em telas, murais e desenhos. Como escritora, com obras não publicadas, tem guardado um romance histórico sobre a Jagoara, um livro de contos e o livro da capa verde que reúne suas poesias. Mora em Belo-Horizonte.

Opinião


Representando três gerações de descendentes de Antero Torres, uma neta, duas bisnetas, dois trinetos comentam o 1º Encontro que aconteceu em Belo-Horizonte, no dia 27 de julho de 2011.                                     


Os textos você confere abaixo:


Éramos vinte, por Tânia Garcia Torres Cardoso

Força, por Marina Torres

Festa dos Torres, por Bruno de Castro Torres Costa

Opinião: Primeiro Encontro dos descendentes de Antero Torres


Eva Torres *


Penso que muitos de nós, em algum momento, desejamos um encontro como este que realizamos em julho de 2011.

Como toda família tivemos e temos momentos difíceis. Vamos perdendo um por um nossos queridos tios e outros parentes.

Sempre que a gente se via ficava aquele desejo de nos vermos de novo, num encontro alegre, barulhento, como eram, por exemplo, os aniversários dos filhos do Antero, fosse em Bambuí, Tapiraí, Catinga ou Rincão (são os que me lembro).

O Benício do Tio Fão, de modo particular, parece que pôs mais fé nesse desejo.

Chegou a ensaiar um jornal, Torresmo, que nos aproximasse mais e apontasse para um grande encontro! Muitos outros participavam do mesmo desejo, mas achavam quase impossível realizá-lo.

Abro um parêntese para deixar aqui os agradecimentos, que devem ser de todos, a esse primo teimoso, corajoso, perseverante... E realizador: Benício!

O sonho do Benício foi tomando corpo. Reuniões na casa dele, alimentadas com os lanches gostosos da Maria Inês. Outros foram abraçando a causa: Ilo e o filho Paulo, a Lelena, a Carol o outro Paulo, do Tio Salatiel...

E o sonho foi tomando corpo! Mil discussões! Teria que ser um lugar grande! Teria fotos, comida...

O dia foi chegando... Painéis, crachás... Que pena, alguns não puderam vir!...

Finalmente, numa bela manhã de sábado, lá estava reunida boa parte desse povo, numa capela do CANÁ, no Bairro Pe. Eustáquio em Belo Horizonte, agradecendo ao Pai do Céu a alegria deste dia, concretização de velho sonho!

Por volta de meio dia, num recanto gostoso da Av. Tancredo Neves, também na capital das Minas Gerais, começou a chegar Torres, de BH, de Minas, do Brasil! Gente de cabelos brancos, jovens, crianças, bebês... Todos ostentavam felizes sua camiseta onde se lia: “1° Encontro dos descendentes de Antero Torres”, e, no peito o nome do filho ou filha dele, responsáveis por aquele povaréu.

Depois de muitos abraços, discursos inflamados foram feitos para homenagear os filhos do velho Antero! A gente saboreava as narrativas das proezas de cada um, com os olhos marejados. Devíamos saborear também o almoço, mas nem dava tempo, pois precisávamos abraçar a todos e colocar a conversa em dia!

As fotos... Ah! As fotos! Quase morri de medo do tablado vir abaixo, quando o povo do Lico subiu! Os jovens, eufóricos, pulavam! Os mais velhos pediam calma! Eu tentava falar!

Passamos o dia, juntos, queríamos ver e abraçar um por um, lembrar coisas de nossas vidas, adivinharem de quem é este menino ou menina! Parece muito com fulano!... Como a neta do Der se parece com a filha do Benard!

Ó meu Deus, foi tudo tão bom, um dia inesquecível! Deixou gosto de quero mais, e vai ter mais, se Deus quiser!

Vamos nos encontrar em nossa velha Bambuí, onde já tem uma equipe muito competente providenciando tudo. O programa para 26, 27 e 28 de julho de 2013 está pronto. Parabéns à nova equipe!

Até lá!

Eva é neta do Antero e da Alcida, filha do Lico e da Anna, divorciada, tem dois filhos, uma filha e três netas. Mora em Contagem desde 1962.
Fone: (031) 3351-4224  

Opinião: Éramos vinte


Tânia Garcia Torres Cardoso*


Me vejo emocionada.
Todos prontos,
camisa branca,
Moge estampado no peito.
Há muito não me sentia
tão próxima da Lagoa dos Monjolos.
Meu pai à frente, orgulhoso,
desfilando a prole.
Completa. Éramos vinte.
Somente aqueles que valorizam
a família sabem o que se sente
nestes eventos de pura nostalgia.
Passear, mudar de ar, dividir, abraçar,
sorrir, conhecer, reconhecer.
Colorir a cara da vida.
E assim ensinar aos que nascem
o que é ser feliz de verdade.
Uns chegam, outros se vão.
E nós?
Ficamos chorando e morrendo de saudade,
daquilo que se plantou e enraizou
no fundo da alma.
- O amor que eu aprendi com vocês!
Obrigada.


* Tânia é bisneta do Coronel Antero e da Dona Alcida, neta do Moge e da Domicilia, filha do Antero e da Eny, é casada com o Luis, tem duas filhas e dois netos, mora em Bambuí. É dentista.

Opinião: Força


Marina Torres*

 Essa é a palavra que melhor descreve o sentimento de fazer parte da Família Torres. Um sentimento que cresce a cada Encontro e que certamente se plenificou no coração dos presentes no 1º Encontro dos Descendentes de Antero Torres.

Sou bisneta, por parte de pai, e trineta, por parte e mãe, mas isso não me faz diferente. Tudo o que chegou até mim foi fruto do convívio e da União, esse ideal de manter-nos juntos que meu avô Vaz sempre reforçou, e que minha mãe e tios levaram adiante, e hoje é carregado pelos primos. Uma União baseada no Amor e fortalecida pela Junção.

Melhor ainda ver que os ramos da Família também carregam o mesmo sentimento. Chegar no meio de tanta gente e sentir-se em casa, acolhida, poder dividir sorrisos e olhares com vocês, faz a gente sentir orgulho, faz a gente sentir que faz parte de um grande movimento, produzido pela simplicidade e a grandiosidade do Amor.

Um abraço e até o próximo encontro.


Marina é filha de Anaí Torres e de Ricardo Torres, neta de Wilson Torres e bisneta de Euríalo Torres (Lico). É jornalista e mora em Indaiatuba/SP

Opinião: Festa dos Torres


Bruno de Castro Torres Costa*

Essa festa foi muito boa, pois conheci amigos e parentes. A decoração foi muito boa. A comida então foi uma delícia com carnes muito suculentas. A coca geladinha, do jeito que eu gosto.

Todos da família fizeram ótimos discursos com algumas histórias.

Já na diversão, também foi ótimo, com aquela lagarta gigante e a escalada com escorregador.

Também foi legal o futebol com o campeonatinho.

Então acho que deve ser anual essa festa: pois é bom ou não reunir a família? E nós todos somos uma grande família.


* Bruno tem 10 anos, está no 5º ano do ensino fundamental, é um pequeno artista que toca teclado e canta muito bem. Trineto do Antero e da Alcida, bisneto do Niso e da Alda, neto do Dalmo e da Ieda e filho da Natália e do Rodrigo.

Curiosidade e Adivinhações: Essa família deu muitos gêmeos


O velho Coronel Torres teve quatro netas gêmeas. As primeiras foram as filhas da Tia Prisciliana e do Tio Neném, Virgílio Cruz de Miranda: Maria das Dores de Miranda Torres, a Tia Dorica (veja a foto dela na 1ª página do Torresmo – Ano 1 – nº. 1) e Maria de Miranda do Couto e Silva. Antero, por sua vez, teve também suas gêmeas – Dada e Didi. Os filhos, netos e bisnetos de Antero também não ficaram para trás.

Contando, são seis pares na família. Se ficaram outros sem registrarmos, comuniquem ao jornal que publicaremos no próximo número.  São eles:



Alcida Torres (Didi) e Alcira Torres (Dada), filhas de Antero Torres e de Maria Guimarães Torres.

Maria Lúcia Torres e Maria Luiza Torres, filhas de Niso Torres e de Maria Alda Mendes Torres.

Cristiano Torres Wardil  e Fabiano Torres Wardil, filhos de Mara Torres Wardil e de Márcio de Moraes Wardil, netos de Mozart Torres e de Maria Helena Mendes Torres.

Cecília de Oliveira Aguiar e Clara de Oliveira Aguiar, filhas de Flávio Torres de Aguiar e de Ana Aurora de Oliveira Aguiar, netas de Eva e de Agassís, bisnetas de Euríalo Torres (Lico) e Anna Augusta Torres.

Larissa Correa Lima Lopes e Luiza Correa Lima Lopes, filhas de Leonardo Lima Lopes e de Ana Flávia Correa Lopes, netos de Eliete Torres Lima e de José Augusto Lopes, bisnetos de Luiza de Marilac Torres Lima e de Wilson Lima.

Organização do 2º Encontro

A comissão organizadora e o Benício – nosso presidente honorário – já estão com a mão na massa: marcou-se a data do Encontro, planejou-se a programação geral dos três dias, os convites e retratos estão sendo enviados para o álbum e jornal, etc.

Nosso jornal será o espaço de participação da família na organização da festa. Ainda temos muito que andar: hospedagem, despesas e seu rateio, camisetas, programação no horário de confraternização, etc.

Enviem sugestões.










Programação de 2º Encontro em Bambuí
26 a 28 de julho de 2013

26/07/2013 (sexta-feira)
18hs: Fazendo Capão dos Óculos
                   Jogo de truco com caldos, torresmo, mandioca frita, bebidas e cantorias



27/07/2013 (sábado)
                   10hs: Missa em Ação de Graças, na Matriz de Santana
11hs: passeio de “Trenzinho” pelos pontos turísticos de Bambuí (Igrejinha, Santuário São Sebastião, Estação Ferroviária, Colégio Antero Torres, Praças Cel. Torres, Mozart Torres, Niso Torres, Grupo Escolar Dr. Antônio Torres, Alto do Cruzeiro e Caixa d’água, Sonda,
Ruas Antero Torres, Sinfrônio Torres, etc, INFET) e casas onde moraram tios Tontônio, Iracema, Pepita, Niso, Fão, Mozart e Luiza
12h30: Cantinho do Céu, no Parque de Exposição de Bambuí
Almoço com cerveja, refrigerante e água

14hs30: confraternização
18hs30: mexidão

A partir das 20hs: baile

28/07/2013 (domingo)
Praça Cel. Torres (centro da cidade)
A partir de 9hs: Dispersão

Publicidade


Belkiss
Leonardo 
Atenção, o jornal já pode divulgar dois eventos, com talentos da família. Um jovem escritor e uma artista plástica prestigiaram o jornal com seus convites.

Vamos marcar presença.

Temos certeza que nos próximos números vamos poder divulgar novos eventos como exposições, shows, lançamentos, palestras, etc protagonizados por membros da família.



Nome: Leonardo Bruno Dias
Filiação: Jairo Ferreira Dias e Janise Bruno Dias
Neto da Maria Alice de Souza Bruno (Didice) e do Jarbas Bruno
Sou recém-formado em Jornalismo pela PUC Minas, e escrevo poemas desde os 14 anos, incentivado pelo Tio Giovani Torres. Aprecio uma boa música, um bom livro, e um pão de queijo, como bom mineiro. Meus poemas retratam diferentes olhares sobre pequenas coisas do cotidiano, e também sobre os grandes questionamentos VIDA/MORTE/VIDA, que sempre me instigaram. Retrato é também minha busca pela descoberta de um estilo próprio no universo das palavras.

Plural: Saudação às mães


Nossas mães ancestrais Alcida Augusta Torres e Maria Guimarães Torres representam todas as mães da família, a quem homenageamos.

Falecimentos


É com muita tristeza que comunicamos os falecimentos de Galeno de Andrade, marido de Leda Torres de Andrade, no dia 03 de maio de 2012 em Belo-Horizonte, da Lana Torres, filha do Vaz, no dia 07 de maio de 2012, em Belo Horizonte e da Tia Inês, filha do Coronel Antero Torres e de Maria Guimarães Torres, no dia 15 de maio de 2012, em Belo-Horizonte.

Promoção


Conhece alguém que não recebeu o jornal? Tem notícias para contar? Fotos para postar? Críticas? Sugestões?

Envie um e-mail para manaslu.torres@gmail.com

E não se esqueça de imprimir este jornal e entregar para quem não tem acesso à internet.