Maria Magalhães Torres
Zizinha
Edna Torres
Data de falecimento: 31-08-1989
Filiação: Major Sebastião José de
Magalhães
Dona Ana Maria de Oliveira
D. Zizinha, como era mais conhecida, ficou órfã de mãe muito criança.
Ela contava que, quando seu pai,
Sebastião Magalhães, vendeu a fazenda Boa Vista, de sua propriedade, nos
arredores de Bambuí precisou da assinatura dela. Como era muito pequena, ela
teve que subir em um banquinho para alcançar aquele grande livro do
Cartório.
O comprador foi o Sr. João Batista de
Carvalho.
A fazenda ficava localizada à beira
da estrada que levava à região da Ponte Alta. Terras férteis, próprias para
invernar bois.
Zizinha foi crescendo, amparada pelo
pai e também pela segunda esposa deste, D. Sinhaninha, que lhe ensinava os
afazeres de uma boa esposa e dona de casa.
Moça muito bonita, Sinfrônio Torres,
farmacêutico recém-formado em Ouro Preto, encantou-se com ela.
Casaram-se, tiveram nove filhos,
sendo sete homens e duas mulheres.
Mãe zelosa e carinhosa queria que
eles estivessem sempre junto dela. E todos tinham por ela, não só o respeito
que todo filho tem pela mãe. Mas, quase posso dizer, verdadeira adoração.
Como esposa, ela contava que o
marido, prefeito da cidade, recebia em casa, regularmente, pessoas ilustres,
autoridades. Ela, sempre solícita, queria pedir às amigas, baixelas mais
sofisticadas do que aquelas que tinha em casa, mas ele dizia que receberia com
o de melhor que ela tivesse, mas que fosse dela mesma.
Vestia-se com sobriedade, sempre
muito bonita, sem exageros da moda.
Desdobrava-se em suas tarefas de mãe
de família numerosa, tinha sempre a mesa farta: roscas, bolo e pão de ló,
biscoitos, broas e pães de queijo, doces os mais diversos.
Encontrava tempo para ajudar o marido
no trabalho da farmácia; era ela quem manipulava a fórmula da famosa
"Cútis Bela", das pomadas e dos remédios que aliviavam as dores dos
hansenianos que viviam no Sanatório São Francisco de Assis há poucos
quilômetros da cidade.
Lembro-me bem de quando passeávamos
juntas no terreiro de sua casa; com que orgulho ela me mostrava a horta cheia
de verduras, de folhas para chás, os mamoeiros sempre plantados na beirada das
cercas para que os animais domésticos não os estragassem.
Era uma pessoa tranquila que só
queria o bem estar de toda a família; exemplo de esposa, mãe e dona de casa.
Os que tiveram a ventura de
conhecê-la hão de concordar comigo.
Em retribuição, valem as palavras da
Marcolina, sua empregada uma vida inteira:
-"A D. Zizinha parece Nossa Senhora no andor".
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