Edição Especial
Esta edição especial do Torresmo é uma homenagem à prima Lucy, que tanto colaborou com o jornal. O seu cuidado em preservar o precioso acervo documental e fotográfico da família, hábito que lhe transmitiu o Tio Totônio – talvez o maior guardião das origens ancestrais de nossa família – é digno de admiração e louvor.
Esta edição especial do Torresmo é uma homenagem à prima Lucy, que tanto colaborou com o jornal. O seu cuidado em preservar o precioso acervo documental e fotográfico da família, hábito que lhe transmitiu o Tio Totônio – talvez o maior guardião das origens ancestrais de nossa família – é digno de admiração e louvor.
Seus livros “Bambuí... Nossa Terra, Nossa Gente” volumes I e II demonstram o mesmo gosto pelo registro e divulgação de um longo período da vida e do fazer bambuienses.
Depois de passar por uma cirurgia coronária, ela se recuperou com muita garra, dando seguimento a uma vivência produtiva e amorosa.
Mas seu grande coração não resistiu mais e no dia 20 de maio de 2015 ela foi se juntar a seus pais de criação. Foi uma filha amorosa e terna, que cuidou com desvelo daqueles dois velhinhos tão queridos, que sentiram até o fim o seu amor filial.
Participam desta edição Edna torres, que nos fala dos tempos em que Lucy deu aulas no Colégio Agrícola de Bambuí; Hélcio Magalhães Torres, também em nome de Cínthya, sua mana, sobre o carinho que receberam da Dindinha Lucy; Karem Celme do Amaral e Emília Poliane Sousa e Toledo, suas jovens amigas que muito a admiravam; e a mensagem de um amigo americano Tim Johnson, enviada via rede social. Janise Bruno Dias, sua afilhada, manifestou também o desejo de dizer algumas palavras sobre sua madrinha Lucy, mas até o fechamento do blog seu texto não chegou. Fica o compromisso de publicá-lo em outra edição do Torresmo.
Lucy
Costa e Fernandes Pinto
Edna
Torres
Prof. Flávio V. Godinho e sua esposa Alessandra, Lucy e Olímpio Fernandes Pinto e Márcia Chaves no monumento aos 40 anos da Escola Agrotécnica Federal de Bambuí, hoje IFMG |
Das suas grandes qualidades, outros dirão.
Fico com as lembranças da professora de Inglês e de Literatura Portuguêsa do Colégio Agrícola de Bambuí; Lucy fez diferença na vida do Colégio.
O CAB era um Colégio que formava técnicos em agricultura e pecuária, ministrando ao mesmo tempo o Ensino Médio. Quando se formavam, os alunos estavam aptos a prestar vestibular em qualquer Universidade.
A Professora Lucy incentivava muito seus alunos e lhes ensinava o amor e o respeito pelo Colégio.
A sua sala de aula era sempre enfeitada com uma jarra de flores. Estava sempre presente não só em sua sala, mas em todos os eventos importantes do Colégio, como nas colações de grau e nas missas de formatura. Muitas dessas missas celebradas pelo Padre Mário Gerlin da Comunidade São Francisco de Assis, de quem a Lucy era grande amiga.
Sabia receber como ninguém as autoridades que visitavam o Colégio: Ministros, Governadores, especialistas em educação dos quadros do MEC, Prefeitos, tanto de Bambuí, como de cidades vizinhas, que vinham conhecer de perto uma Escola Fazenda e saber por que o CAB fazia diferença entre as outras Escolas.
Com o mesmo encanto recebia os pais dos alunos, a grande maioria fazendeiros, gente simples da região, que vinham participar de “Semanas dos Fazendeiros” ou simplesmente visitar seus filhos e conhecer o Colégio.
Para incrementar as aulas de Inglês, costumava fazer a versão para esta língua de músicas que os alunos gostavam de cantar e com isso tornava mais fácil o aprendizado e as aulas mais alegres.
Para colaborar com o esforço de se implantar a interdisciplinaridade, técnica nova de ensino, a Professora Lucy descia com seus alunos da sala de aula para a bovinocultura, para a suinocultura, para a avicultura, para os canteiros de hortaliça, para o pomar, para as oficinas mecânicas ou de marcenaria, enfim onde as atividades do ensino prático do Colégio pudessem dar suporte às aulas de Literatura da nossa língua portuguesa, enriquecendo os projetos que eram desenvolvidos naqueles ambientes.
Os textos estudados muitas vezes se referiam à agropecuária. Ela sabia que seus alunos, uma vez formados, possivelmente se tornariam lideranças onde quer que fossem desenvolver seus trabalhos. Deveriam, pois ter facilidade para escrever, para falar em público, fazer palestras, etc.
Chamo a atenção para o especial apoio que a Professora Lucy sempre ofereceu aos alunos estrangeiros. O Tim foi o primeiro aluno americano que passou pelo Colégio. Com ele a Lucy fez uma bela amizade que permaneceu por toda a vida. Vieram depois os alunos japoneses. Para com todos eles, Lucy tinha uma atenção especial, um cuidado maior.
Desde algum tempo não recebemos mais de nossa prima Lucy os e-mails com belas mensagens, paisagens lindas, lembranças de viagens...
Mas em seus livros, em seu “Fragmentos de Ternura” Lucy eternizou todo seu amor.
E ela que partiu ainda no Tempo Pascoal, às vésperas do Domingo de Pentecostes, deixou conosco a luz com a qual iluminou cada um de nós.
Essa luz há de permanecer acesa e a luz do Divino Espírito Santo há de guia-la à eterna luz de Deus, nosso Pai.
Lembranças
de nossa Dindinha
Hélcio
Magalhães Torres
Cinthya e eu saímos muito novos de
Bambuí. Eu, exatamente aos oito anos, pois foi no dia do meu aniversario, por
isso marcou-me muito. Cinthya aos seis anos.
Deixamos lá toda uma historia de infância
muito bem vivida e bem cuidada, com a participação intensa da DINDINHA LUCY.
Sim!
Lucy, por força da regra da igreja é a
madrinha oficial da Cinthya. Mas me adotou como afilhado também.
Bons e excelentes momentos vivemos neste
período de tempo, numa relação muito intensa e diuturna, que nos arremeteu a um
imenso amor por ela.
Claro que, quando nos mudamos para Belo
Horizonte, continuamos a receber os carinhos e afagos da Dindinha que nunca nos
abandonou.
Dividir a DINDINHA sempre foi uma coisa
meio engraçada, mas Cinthya e eu sempre curtimos, numa boa.
Dentre os casos que ela mesma nos contava,
o mais hilário foi esse:
Saímos para passear na praça de Bambuí,
nós três, ao entardecer. Quando caiu a noite, assustado com a escuridão das
ruas fiz a seguinte indagação: DINDINHA, quando a luz ascende, para onde o
escuro vai??
Ela muito apertada, pois não tinha
resposta para o questionamento, nos pediu que corresse para casa.
Ela adorava contar essa historia, e ria
muito quando se lembrava da cena.
Neste momento perdemos esta referência
positiva de nossa família. Tio Totônio nos colocou no mundo, pois foi o
“parteiro” da nossa mãe. Nascemos todos em casa, de parto “naturalismo”.
Temos certeza que, se nosso velho pai
HENNER estive aqui conosco, prestar-lhe-ia uma bela e digna homenagem.
DINDINHA descanse em paz, acreditamos que
ai no céu a festa é boa.
Companheiros não lhe faltam por ai.
Um dia iremos nos encontrar novamente!
Amamos você...
Mensagem
de Tim Johnson, quando do falecimento de Lucy
Eu, Tim Johnson,
conheci Lucy quando estava no Corpo de Paz e designado ao trabalho no Colégio
Agrícola de Bambuí, no princípio dos anos 1970.
Naquela época Brenda
Lehman, do Novo México, vivia na casa de Antônio Torres Sobrinho, família Rotariana,
em um intercâmbio estudantil.
Durante os quase dois
anos que eu estive no Colégio Agrícola, eu convivi com Lucy e família. Fui
convidado várias vezes a sua casa, em diversas ocasiões sociais. Quando meus
pais me visitaram em 1971, eles também foram recebidos por Lucy e sua grande
família.
Voltei para visitar
Bambuí em 1985 e nessa época fui apresentado ao Olímpio, logo depois do seu
casamento com Lucy. Lembro-me da visita
que fiz ao sítio deles.
Mais tarde quando me
mudei do Estado de North Dakota para Tucson fui a Albuquerque para vê-los,
quando eles forma visitar Brenda e seu marido Rick Davidson.
Lucy sempre foi a mais
simpática e interessante anfitriã para os estrangeiros que queriam conhecer os
costumes brasileiros.
Numa ocasião recebi da
Brenda um exemplar do livro “Bambuí... Nossa Terra, Nossa Gente”. Como Lucy o
escreveu em 2007, meu domínio da língua portuguesa havia deteriorado a tal
ponto que era difícil entender tudo. Mas
ainda hoje sou capaz de curtir as muitas pessoas cujas histórias foram
compiladas e figuram nele.
Ao longo dos anos
tentei manter contato com Lucy, especialmente no Natal. Agora, para meu eterno
pesar, desejaria ter feito mais contatos.
A
Mulher dos Sapatos Altos
Karem
Celme do Amaral
Karem Celme do Amaral |
Ela foi a primeira a me
chamar pelo nome composto. Hoje é comum
eu ouvir um "Karem Celme", e nem é pelo meu pai, quando bravo...
Infelizmente não
poderei mais visitar a "mulher dos sapatos de salto alto" que eu
admirei desde criancinha, pois, agora, sei que está passeando; não a
encontrarei mais em casa...
Não vou me despedir... Prefiro pensar que ela
foi ali, em mais uma de suas viagens... Em mente, fica a vontade de esperar seu
telefonema, avisando que chegou e que, em breve, trará as fotos da viagem para
me mostrar e contar tudo...
Só ficam lembranças
boas da cliente, amiga e tia Lucy... Suas bonecas, flores, arte, a fotografia
e companhia... Sua elegância, e toda a sua classe. Creio que está completa
nesta foto, e é esta a imagem que irei guardar... E, como passou a ser, em cada
cartão que eu fizer - felicitações ou agradecimentos - sempre haverá um
pedacinho dela... E todo o seu cuidado, seja em português, inglês ou
espanhol...
Com amor, Karem Celme do Amaral
Com amor, Karem Celme do Amaral
Vá
com Deus, minha grande amiga
Emília
Poliane Sousa e Toledo
Lá se foi minha grande amiga Lucy... E é pra você a minha homenagem deste dia... Nada mais justo e merecido! Saiba que é com carinho, gratidão e saudade que me despeço! Minha "madrinha", como ela dizia... Que fez por mim o que poucas pessoas fariam, que me tratava com uma filha... Prefiro acreditar como nossa amiga Karem Celme, que hoje você está viajando, ou como a nossa amável Maria, que você ainda se encontra em BH... Só que desta vez, infelizmente, não há como fugirmos da verdade, pois, sabemos que hoje você partiu para sua "viagem eterna," para o céu, para o infinito, como numa daquelas lindas viagens que você costumava fazer, mas, agora, como uma estrela, para um caminho de luz, de flores e de paz... Saiba que nos deixará eternas saudades...
Falar de você é uma responsabilidade imensa... Você, que aos poucos foi se tornando parte de minha família... Que não haverá jamais como esquecê-la; tudo nos fará lembrá-la! Nada irá suprir a falta que nos fará! Sei que agora que meu telefone não irá tocar mais três ou quatro vezes por dia, com aquele "Ei, Mili!", "Ei, meu amor!", infelizmente... Mas sua voz, sua lembrança serão eternas em meu, em nossos corações... Amamos você, e, tenha certeza de que fez uma grande diferença em nossa vidas! Hoje tudo já nos parece não ter a mesma graça... Sua casa linda, cheia de histórias, continua a mesma, e, talvez, até permanecerá do mesmo jeito, mas saiba que tudo nos fará realçar a sua ausência...
Lucy e Emília passeando por Red Bank/New Jersey/EUA |
Vá com Deus, minha grande amiga! Sabemos que agora estará lá em cima olhando por nós! Obrigada por tudo, simplesmente tudo! E, não se preocupe, pois estaremos aqui cuidando de tudo como você mesma nos pediu! Saiba também que, para nós, foi um grande susto, pois sabíamos que um dia esta hora iria chegar, mas não esperávamos que fosse agora... Você até tentou nos preparar, mas ainda não temos condições de acreditar que se foi; sabemos que está bem, pois estava sofrendo, apesar de ter lutado com toda sua força... Nossas fotos, momentos e lembranças ficarão para sempre, no papel, no coração, na memória...
Saiba que foi um grande exemplo pra mim, para todos, de tudo que é bom, de elegância, de bom coração, de dedicação, sabedoria, coragem, honestidade, beleza, fidelidade, amor, cumplicidade, de alegria contagiante, de inteligência, vontade de viver, educação, cultura, enfim, de tudo de bom que existe...
Lucy e Emília descansam depois de muito andar por Red Bank/New Jersey/EUA |
Desculpe-nos alguma coisa, até mesmo por aquelas que não nos foi possível realizar... Saiba que, de qualquer forma, foi maravilhoso poder conviver com você, e que linda viagem tivemos oportunidade de fazer! E quão grandes momentos lindos tivemos oportunidade de viver ao seu lado! Saiba que em nossas reuniões sempre faltará você... Que este lindo anel que hoje trago no dedo, e que me foi deixado há exatamente 8 meses, anel que lhe havia sido presenteado em sua formatura pelo seu pai, nosso saudoso Dr. Antônio Torres, este, trarei sempre comigo como marca de nossa linda e tão gratificante amizade!
Com esta simples mensagem, gostaria de expressar nossa tristeza pela lamentável perda que foi para nós a sua morte e, ao mesmo tempo, nossa gratidão por tudo de bom que fez não só por mim, mas para todos aqueles que tiveram oportunidade assim como eu, de conviver com você; e, também, parabenizá-la pela pessoa maravilhosa que sempre foi e será para todos nós!
Descanse em paz! E que Jesus Misericordioso esteja sempre ao seu lado, onde quer que esteja! Amamos você! Eternas saudades!!!!
Oração de Lucy
Foto da Lucy rodeada por: Sant’Anna, Nossa Senhora da Conceição, São Francisco de Assis, São Sebastião e Sagrado Coração de Jesus
Foto da Lucy rodeada por: Sant’Anna, Nossa Senhora da Conceição, São Francisco de Assis, São Sebastião e Sagrado Coração de Jesus
Que eu seja,
eternamente, abençoada por Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo,
recebendo graças especiais por intermédio de Sant’Anna, Nossa Senhora do
Rosário, Nossa Senhora da Conceição, São Francisco, São Sebastião, Nossa
Senhora da Medalha Milagrosa, Nossa Senhora do Brasil, Nossa Senhora do Monte
Calvário, e abraçada, para sempre, pelo Sagrado Coração de Jesus.